segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

passageiro

E já nem sei mais se sei
Ou do que sei
O dia passa como se nada tivesse valor
O dia, a claridade.
Ah! Essa luminosidade que me aflige
Sem sentido, que dá cores ao que já nem observo mais.
Minha arte de viver
Ou dessa vida que se faz arte
Arde como veneno que entra
Pelas minhas águas vermelhas
Esse veneno verde, se é de verdade já nem sei
A vida passa pela minha janela
Será que é mesmo vida que vejo nela?!
Penso nas coisas, se fazem sentido
Mesmo assim eu caminho
Mesmo sem ter tido
Mesmo sem ter sentido
E faço desse detalhe em branco
O branco das minhas lembranças
Assim mesmo sem nuança
Mesmo sem cores
Corto o começo para saber de onde parto
Parto!
Com as mãos os pedaços
Com os pés os espaços
E mesmo sem dar um passo
Passo por tudo que posso
E não saio desse poço
Faço o que posso nessa fossa
E dessa ausência de luz crio minhas cores
Faço de cada uma minhas dores
E pinto meu dorso, dessas formas incolores
Cravo em minha feição cada parte dos meus amores.


27-12-2008