segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

passageiro

E já nem sei mais se sei
Ou do que sei
O dia passa como se nada tivesse valor
O dia, a claridade.
Ah! Essa luminosidade que me aflige
Sem sentido, que dá cores ao que já nem observo mais.
Minha arte de viver
Ou dessa vida que se faz arte
Arde como veneno que entra
Pelas minhas águas vermelhas
Esse veneno verde, se é de verdade já nem sei
A vida passa pela minha janela
Será que é mesmo vida que vejo nela?!
Penso nas coisas, se fazem sentido
Mesmo assim eu caminho
Mesmo sem ter tido
Mesmo sem ter sentido
E faço desse detalhe em branco
O branco das minhas lembranças
Assim mesmo sem nuança
Mesmo sem cores
Corto o começo para saber de onde parto
Parto!
Com as mãos os pedaços
Com os pés os espaços
E mesmo sem dar um passo
Passo por tudo que posso
E não saio desse poço
Faço o que posso nessa fossa
E dessa ausência de luz crio minhas cores
Faço de cada uma minhas dores
E pinto meu dorso, dessas formas incolores
Cravo em minha feição cada parte dos meus amores.


27-12-2008

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

coração burro

enche enche enche
e transborda
como se fosse algo palpável
como se fosse vodka num copo de cristal
não, não é descartável
meu amor é assim
BURRO
como acho que sou
estou sempre voltando
voltando pra minha escuridão
que nunca sai de mim
eu insisto, saio dela
mas ela não sai de mim
e me embriaga
me inebria
é como se a lua desse as costas
é como se o sol fosse frio
é como se um projétil atingisse seu alvo
e o alvo é meu coração
das cores que aprendi
poucas ainda lembro
sei todas, mas não uso
o preto domina e é tudo
e eu volto sempre ao ponto que parei
que burro que sou, soluço dizendo
repito pra mim mesmo
essa foi a ultima vez
mas meu coração é BURRO
e sempre volta ao que era antes

O bobo

círculos, voltas e mais voltas
meu pensamento rodeia
minhas memórias, doídas
loucura da minha parte,
é só vontade de desabar
e se pó eu virar?
animadamente, me levando
e parece que estou deitado
parece que nem sequer existo
insisto nisso
insisto em pintar um pouco
o meu rosto, meu sangue
claro, ralo
vermelho, nas minha lágrimas
doce
e sinto que a cor me foge
tento guarda-la no meu coração
mas não é possível
meu coração todo furado deixa vazar toda cor
que consigo juntar
preciso de algo mais sólido
se a cor estiver mais sólida
só sei lidar com solidez
solidário, nem existe
mas sóbrio as vezes
se tirar um pouco da vodka
se tirar um pouco do meu sangue
talvez sóbrio ficarei
eu sei, sempre errei
e talvez nunca serei um rei
estou mais pra bobo da corte
com minhas essas cores
com essas cortes
cores pasteis
cores mortas, como estou
parado no meu pensamento
morto

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

supere-se

chega uma hora que da pau em tudo.
seu coração para, sua mente para ou acontece o contrário
ela ferve até suas idéias derreterem e se transformarem em lágrimas
e é mais uma parte do corpo que ta funcionando, seu canal lacrimal.
tem hora que chutar o balde é a única solução que você encontra
e ai?
você chuta?
não!
por que?
porque tem um monte de coisas pra pensar
e seu cérebro frita de novo.
ai são mais lágrimas
e seu olho funciona normalmente.
funciona tão bem que nem pra dormir ele fecha
e você quase se afoga nas lagrimas que o travesseiro
como brincadeira insiste em juntar até você não poder mais respirar
e sua cabeça roda como a água que entra pelo ralo
e a sua vontade agora é ir junto com a água.
e a sua vontade agora é de nada fazer
nada acontecer
nada
nada
nadar.
até onde? vai saber...
bate os braços sem porque.
bate os braço sem saber
bate forte no seu ser
no seu desespero
no seu desassossego
cego
ego
oh vida triste
pra onde istes?
és esse desnecessário caminhar sem fim
impossível saber o próximo passo
aço, ferro, agulha, ponta, faca
acaso sabe o que quero dizer?
rápido o segundos passam rápido
responda antes que o relógio te engula
responda antes que o relógio te engula
gula
como posso ser tão inconfesso?
eu confesso
é o fim

domingo, 22 de junho de 2008

enquanto tudo parece derreter

senti que meu castelo estava a perigo, e minha sensação
de desabamento não era falsa,
agora nem sei como faço pra continuar
estou doando um coração, bambo, machucado
frágil, estou doando, antes um coração abalado do que a falta de um coração.
mais um dia de solidão, de chá, de tristeza
mais uma noticia fincada no meu coração
esta todo perfurado, parece um voodoo, cheio
de alfinetes e agulhas fincados
cheio de cor saindo, esvaindo
e agora esta tudo pelos ares
mais uma noite cai, mais algumas lágrimas também
e eu caio, desabo
derreto e permaneço intacto e intocável
porque daqui a pouco começa tudo de novo
quero um chocolate quente
o chá não ta me esquentando
preciso de algo mais forte, um pouco de vodka por favor
ou talvez um absinto, pra ver como me sinto
pra ver se me sinto assim em preto e branco
ou em branco apenas, mais uma pagina arrancada
mais um vazio pra preencher, como?
talvez um pouco de tinta vermelho
tinta das minhas veias
gotas, gotas, gotas
assim não vai dar, abra a torneira
deixe a água cobrir meu rosto no fundo da banheira
deixe a água lavar a tela que pintei em agonia
e desespero
estou bambo, minhas pernas não podem mais agüentar
será que ninguém entendi isso?
não minta, não sou tão especial assim
senão ficarias comigo, até o fim
até que todo sangue jorrasse
fique mais um pouco, ao menos até
que eu não sinta mais suas mãos em mim
até que eu não sinta mais seu cheiro
seus pelos no meu corpo
seu suor pingando no rosto
até que tudo seja escuridão
fique mais um pouco até que esteja mais gelado
fique do meu lado
não sou tão má companhia assim
fico caladinho, prometo nem dar um ultimo suspiro
só não sei se agüento sua ausência
não agüento mais uma noite
em que tudo parece derreter
faz 40 graus, de frio
e eu derreto ou congelo
gelo
e você nem me deu um beijo de despedida

sábado, 21 de junho de 2008

de cinco em cinco minutos olho pra algo que não posso ver
e a alegria que meu coração sente faz meus pensamentos entrarem em conflito
parece que tudo que construo tem como base frágeis palitos de dente
e qualquer brisa derrubará todos meus sonhos
é como um castelo de cartas
cada peça acrescentada é um alivio e uma agonia pela próxima
e a qualquer momento tudo vai desabar
e de cinco em cinco minutos olho para um relógio,
olho para o tempo que não passa, para o fim que não chega
como vou poder esperar tanto tempo se passar para ter um final feliz?
eu não quero que o final seja feliz
quero que o meio seja
na verdade tudo isso na minha cabeça parece com minhas pilhas
e pilhas de cadernos, livros e papeis, que acumulo durante minha vida
sem ordem, sem valor, sem nada
e de cinco em cinco minutos aguardo um chamado
uma mensagem, um sinal de que toda minha agonia nada mais é do que
coisas da minha cabeça, e o final feliz?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

pueteando

e finda
e recomeça
e finda e recomeça
e finda e recomeça e finda
e recomeça e finda e recomeça e finda
e recomeça e finda e recomeça e finda e recomeça e finda
e recomeça e finda e recomeça e finda e recomeça
e finda e recomeça e finda e recomeça
e recomeça e finda e recomeça
e finda e recomeça
e finda

eta vidinha mais ou menos
menos
menos paciencia
menos
menos coração
menos
menos tudo
menos
menos nada
nada
tudo
coração
repito
repito
repito
repito

e finda e recomeça

repito

pito
trago
solto
solta
toda

repito


contra-mão
mão
dedos
unha pelos
pele poros
sangue
água
rio

repito

quer que eu repita?

sábado, 31 de maio de 2008

Caos

ontem assisti ao grupo o corpo, com dois lindos espetáculos:
7 ou 8 peças para um ballet e Benguelê
não sei qual me tocou mais, se foram as cores do 7 ou 8
ou a figura que o benguelê formou na minha humilde cabeça oca

de toda forma, cada momento que passava eu ficava mais extasiado
e mais distante da realidade, adoro essas coisas que me fazem entrar em transe

hoje dia de doer dos ossos aos neurônios. vontade de explodir as pessoas do mundo
e depois a mim mesmo, mas enfim.

hoje texto (meu) de onibus*: Caos

me despedi dele com um beijo, mas aquilo não me satisfazia. talvez o cansaço de um dia carregado me fizesse ficar assim, meio frio, meio distante, essa não era minha intenção, mas os acontecimentos do dia-a-dia me faziam sentir assim, longe de tudo até dos próprios pensamentos e sentimentos. e dentro do ônibus, voltando pra casa, via as ruas lavadas pela chuva que não tinha visto cair.

lavada, mas não desinfetada , sentia os vermes entre as frestas e pelos becos da cidade. e os vermes me olhavam como se quisessem comer-me, mas eu ainda não estava morto, nem enterrado e sabia muito bem me defender dos vermes ou pelo menos era isso que pensava. apenas chuva não ia desinfetar os guetos daquela noite que não acabava, e o relógio soava em meus neurônios como agudos sinos fazendo minha cabeça quase explodir. pra desinfetar aquela sujeira toda era necessário mais que uma chuva, talvez um metralhadora, ou um ácido. sulfúrico e sufocante. corroendo os organismos, todos eles um por um, mas ainda não tinha sossego, naquele barulho constante que fazia meu ouvido tinir, gargalhadas estridentes, motores a mil, taças e copos sendo erguidos e o cheiro intragável de podridão. nem a chuva leva essas coisas. não leva os vermes, os germes, o fedor, os humanos nem os meus pensamento, que desciam com a enxurrada e entopia os bueiros, não passava pelas frestas de meus ouvidos, nem de meus olhos, só saiam pela minha boca, que jorrava palavras insensatas, como vômito e sem querer sujava as ruas de novo.

quem me dera ser enterrado em baixo desse asfalto, ser molhado pelas lágrimas de alguém que esqueceu a torneira ligada ou uma veia furada. quanta cor no seu sangue, de vermelho intenso procurando o preto da poeira de pneu. nessa textura macia e sem nenhum aveludado, sem nenhum pudor. dor é tanta dor, que consigo sentir em seu sangue que em mim pinga. e não adianta me olha com esses olhos inchados, os meus também já estiveram, mas hoje o ácido corroeu, o ácido das suas palavras, da sua boca. do seu derrame, em mim, tão derramado, despejado, ulcera, cólera, colírio. nesse asfalto sem fim. nessa historia sem fim. se finda eu morro, de vez e nenhuma palavra mais me existirá. minhas formas disformes. e você retorce-me entre suas vesículas, entre seu estomago, que me digere, e sempre que podes me ingere, como ácido que sou, como drogas alucinógenas. quanta ingenuidade. mal sabes que nada mais sou do que seus pensamentos, loucos e incoerentes e não adianta apontar essa arma pra sua cabeça, nem você existe. tudo isso é só a alucinação de alguém, você não existe, nem eu, nem nada. nunca houve Dali, Davinci, Kandisnky ou Picasso. é tudo um filme sem roteiro, sem câmeras sem luz e personagens. cadê as tomadas? aonde vamos ligar os projetores e holofotes? os projeteis de arma do exercito ou de um serial killer, exercendo a função que lhe foi dada: apagar os bites, deletar tudo que é 0 e 1. e não existe mais o mundo. nem adianta seguir o coelho branco. alice não existe também, nunca existiu. tome suas pílulas antes que se torne perigoso, antes que descubra onde entra a mão do titereiro. a fumaça não que dizer que vai haver fogo, nem calor. aqui é tudo glacial e branco. me diga o que é o branco? talvez não passe de um sonho.



*sim eu escrevo no ônibus, é eu custo a entender minha própria letra, mas o ócio de ficar no transito me da inspiração, e não posso deixar escapar, apesar de não conseguir sintetizar nem um quarto dos meus pensamentos.




quarta-feira, 28 de maio de 2008

cores frias

pega tudo isso que você supõem que seja dignidade

e... enfia no ralo.

rale, picote tudo, pedacinho por pedacinho

porque pra mim, isso é tudo descartável

seus valores, suas crenças, suas desculpas

dez culpas, mil culpas, o homem e sua culpa

não, sem essa lupa, por favor!

não me preocupa os mínimos detalhes

apesar de ser neles que você peca

pesca não, peca.

a única coisa que você consegue pescar e

fisgar, friamente são sensações esquecidas

e faz minhas idéias doerem

roerem, remoerem

fincando essa ponta de metal do seu anzol

prata no vermelho, frio metal no quente do meu sangue

prata no vermelho

lápis, de cor... com borracha não se apaga

então me cubra com tinta, pode ser branca

não preciso de vida na minha cor

pode ser pálido,

translúcido,

lúcido? quem?

em?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

como é ser de plastico?

abandono
o dono
isolado
de que lado?
deste lado
destilados

qual será a sensação
em ser de plástico?

em seus olhos vítreos
vejo o por do sol
e quem vai por o sol?
aonde?
e o calor?
como vou aquecer-te
nessas tarde de outono?

outro ano
mais uma seqüência de tempo
tic tac
tic tac
tic taxi, me leva daqui
pra um outro planeta
quem sabe plutão
ou saturno
não, soturno é a terra
eu disse sortudo!
eu disse sortudo?



marllon m. de souza

domingo, 25 de maio de 2008

não vou falar de mim

a principio não vou falar de mim.
que contradição, não era pra ser narcísico isso aqui? você pergunta!
e eu respondo: sim e não, mas na verdade isso vai ser mais verborrágico do que propriamente narcísico.
já começa pela explicação, que não diz nada, mesmo com um número significativo de palavras.
por falar nisso, não penso que palavras sejam suficiente em momento algum, elas sempre faltam, por mais numerosas que possam ser.
sim, que dizer, não, eu não gosto de maiúsculas. elas dão um ar de importância muito grande a uma coisa que pouco tem valor, e o que será das outras letras humildes em seu estado minúsculo? já sofrem grande preconceito de serem consideradas minúsculas, basta de miudezas, direitos iguais para todas as letras já! antes que elas entrem de greve (isso já acontece).
fim de domingo, isso me deprime, um pouco. tirando a parte boa, frio, chá e biscoitos, mas as parte ruins prevalecem (?), as coisas começam e recomeçam, sem parar, numa infinitisse que chega a dar enjôo.
pois bem, se nesse momento eu soubesse dominar meus pensamentos, ou pelo menos organizá-los, seria mais fácil escrever alguma coisa útil aqui, mas como não é essa minha intenção, não me importo.