sábado, 31 de maio de 2008

Caos

ontem assisti ao grupo o corpo, com dois lindos espetáculos:
7 ou 8 peças para um ballet e Benguelê
não sei qual me tocou mais, se foram as cores do 7 ou 8
ou a figura que o benguelê formou na minha humilde cabeça oca

de toda forma, cada momento que passava eu ficava mais extasiado
e mais distante da realidade, adoro essas coisas que me fazem entrar em transe

hoje dia de doer dos ossos aos neurônios. vontade de explodir as pessoas do mundo
e depois a mim mesmo, mas enfim.

hoje texto (meu) de onibus*: Caos

me despedi dele com um beijo, mas aquilo não me satisfazia. talvez o cansaço de um dia carregado me fizesse ficar assim, meio frio, meio distante, essa não era minha intenção, mas os acontecimentos do dia-a-dia me faziam sentir assim, longe de tudo até dos próprios pensamentos e sentimentos. e dentro do ônibus, voltando pra casa, via as ruas lavadas pela chuva que não tinha visto cair.

lavada, mas não desinfetada , sentia os vermes entre as frestas e pelos becos da cidade. e os vermes me olhavam como se quisessem comer-me, mas eu ainda não estava morto, nem enterrado e sabia muito bem me defender dos vermes ou pelo menos era isso que pensava. apenas chuva não ia desinfetar os guetos daquela noite que não acabava, e o relógio soava em meus neurônios como agudos sinos fazendo minha cabeça quase explodir. pra desinfetar aquela sujeira toda era necessário mais que uma chuva, talvez um metralhadora, ou um ácido. sulfúrico e sufocante. corroendo os organismos, todos eles um por um, mas ainda não tinha sossego, naquele barulho constante que fazia meu ouvido tinir, gargalhadas estridentes, motores a mil, taças e copos sendo erguidos e o cheiro intragável de podridão. nem a chuva leva essas coisas. não leva os vermes, os germes, o fedor, os humanos nem os meus pensamento, que desciam com a enxurrada e entopia os bueiros, não passava pelas frestas de meus ouvidos, nem de meus olhos, só saiam pela minha boca, que jorrava palavras insensatas, como vômito e sem querer sujava as ruas de novo.

quem me dera ser enterrado em baixo desse asfalto, ser molhado pelas lágrimas de alguém que esqueceu a torneira ligada ou uma veia furada. quanta cor no seu sangue, de vermelho intenso procurando o preto da poeira de pneu. nessa textura macia e sem nenhum aveludado, sem nenhum pudor. dor é tanta dor, que consigo sentir em seu sangue que em mim pinga. e não adianta me olha com esses olhos inchados, os meus também já estiveram, mas hoje o ácido corroeu, o ácido das suas palavras, da sua boca. do seu derrame, em mim, tão derramado, despejado, ulcera, cólera, colírio. nesse asfalto sem fim. nessa historia sem fim. se finda eu morro, de vez e nenhuma palavra mais me existirá. minhas formas disformes. e você retorce-me entre suas vesículas, entre seu estomago, que me digere, e sempre que podes me ingere, como ácido que sou, como drogas alucinógenas. quanta ingenuidade. mal sabes que nada mais sou do que seus pensamentos, loucos e incoerentes e não adianta apontar essa arma pra sua cabeça, nem você existe. tudo isso é só a alucinação de alguém, você não existe, nem eu, nem nada. nunca houve Dali, Davinci, Kandisnky ou Picasso. é tudo um filme sem roteiro, sem câmeras sem luz e personagens. cadê as tomadas? aonde vamos ligar os projetores e holofotes? os projeteis de arma do exercito ou de um serial killer, exercendo a função que lhe foi dada: apagar os bites, deletar tudo que é 0 e 1. e não existe mais o mundo. nem adianta seguir o coelho branco. alice não existe também, nunca existiu. tome suas pílulas antes que se torne perigoso, antes que descubra onde entra a mão do titereiro. a fumaça não que dizer que vai haver fogo, nem calor. aqui é tudo glacial e branco. me diga o que é o branco? talvez não passe de um sonho.



*sim eu escrevo no ônibus, é eu custo a entender minha própria letra, mas o ócio de ficar no transito me da inspiração, e não posso deixar escapar, apesar de não conseguir sintetizar nem um quarto dos meus pensamentos.




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